Em pesquisa de Phobos e Deimos apenas detetámos estrelas de magnitude 9,5 e 10,5 porque as luas estavam muito próximas do planeta.
Um olhar telescópico da Região Autónoma dos Açores, ilha de São Miguel, sobre os fenómenos astronómicos que acontecem no Universo mais próximo.
sexta-feira, julho 27, 2018
quinta-feira, julho 26, 2018
A Lua em véspera do eclipse
Takahashi 102FS, redutor focal 0,50, ZWO ASI224MC e iOptron CEM60
Ponta Delgada, Fajã de Baixo em 27 julho 2018 por J. Porto
terça-feira, julho 24, 2018
Marte e Saturno em 24 julho 2018
Marte em 24 julho à meia noite e 9 minutos UT, debaixo de uma tempestade de poeira e com a turbulência atmosférica sobre a nossa região não permite ver pormenores na sua superfície. Em todo o caso ainda dá para distinguir o Valles Marine e a Terra Sirenum.
Imagem resultado de um AVI com 1220 frames processados pelo RegiStax.
Celestron 203mm a f/25.
Estas imagens foram processadas com filtros do RegiStax menos agressivos.
Obtidas em momentos diferentes em 24 julho 2018: 00:09 e 23:29 UT. A ultima é resultado do "stacking" de 1266 frames com um "seeing" paupérrimo devido à extinção atmosférica dado o planeta se situar muito perto do horizonte e por outro lado porque a turbulência atmosférica era muito grande.
A imagem de Saturno deve-se ao tratamento de uma filme AVI com apenas 300 frames em condições muito adversas com a Lua situada no mesmo quadrante e um "seeing" péssimo.
O mosaico com os dois planetas foi obtido de dois outros AVIs com 1068 (Saturno) e 2148 (Marte) frames e também processados com o RegiStax 5
O dispositivo utilizado para obter os AVIs: Barlow Televue 2,5X e ZWO ASI224mc com Flip-Mirror e ocular 25 mm em parfocal e com retículo luminoso da True Technology.
Software de aquisição das imagens SharpCap 3.1.
quarta-feira, julho 11, 2018
Aguardando o bom tempo
A "artilharia" montada: Takahashi 102FS f/8, iOptron CEM60, Canon 350D modificada e com filtro CLS da Astronomik, ZWO ASI224mc em Off-Axis-Guider, USB_focus v3, Telrad, Stellarmate, ... e muita paciência ...
Nuvens atrás de nuvens, autoguiagem aborta autoguiagem recomeça ...
Falar
em conceitos tais como FWHM, HFD, RDN e RMS aplicados nos Açores, constitui um
desafio sempre presente em qualquer sessão de observação astronómica, mesmo com
o melhor dos céus ou com o anti-ciclone instalado no zénite.
Teoricamente
fazer auto guiagem de forma aceitável
significa ter a configuração ótica adequada e o sensor CCD/CMOS com os pixéis
certos para obter a resolução certa.
Para além deste ponto de partida de natureza tecnologicamente único, a estratégia é sempre minimizar os efeitos da atmosfera do nosso planeta e os defeitos do sistema ótico utilizado, bem como os erros introduzidos pela mecânica de uma montagem ou as flexões do sistema de guiagem, ou ainda a deslocação do espelho principal no ato de focagem, no desvio médio daquilo que deveria ser uma imagem pontual de uma estrela (PSF – Point Spread Function ou Função de Dispersão Espacial de um Ponto Luminoso *) em relação àquilo que nos é dado detetar. Tudo porque a Ascensão Reta do eixo polar da montagem roda a 15 segundos de arco para compensar a rotação da Terra de oeste para este.
Resoluções obtidas com o "setup"
Para além deste ponto de partida de natureza tecnologicamente único, a estratégia é sempre minimizar os efeitos da atmosfera do nosso planeta e os defeitos do sistema ótico utilizado, bem como os erros introduzidos pela mecânica de uma montagem ou as flexões do sistema de guiagem, ou ainda a deslocação do espelho principal no ato de focagem, no desvio médio daquilo que deveria ser uma imagem pontual de uma estrela (PSF – Point Spread Function ou Função de Dispersão Espacial de um Ponto Luminoso *) em relação àquilo que nos é dado detetar. Tudo porque a Ascensão Reta do eixo polar da montagem roda a 15 segundos de arco para compensar a rotação da Terra de oeste para este.
Falamos
de auto guiagem, porque com os meios disponíveis hoje em dia com camaras CCD ou
CMOS e ainda software adequado existente, torna-se impensável fazer guiagem
manual.
Dada
a performance do nosso sistema de visão, poder-se-ia considerar que ainda a
melhor técnica seria o aspeto das estrelas a olho nu (suficientemente pontuais
e redondas). E talvez, que para o caso dos Açores, ainda seja de considerar
como a melhor técnica a utilizar!
Contudo
existem várias técnicas que pretendem ultrapassar os eventuais defeitos da
visão humana, oferecendo parâmetros de comparação universal. Uma é a designada FWHM (Full Width at Half Maximum ou Máximo
da Metade da Largura Total). A outra é a chamada HFR ou HFD (Half Flux Radius ou Half Flux Diameter *) que aliadas à
RDN (Roundness) de uma estrela
permitem saber qual o erro da nossa auto guiagem.
A
Roundness mais não é do que a “circularidade” da estrela, ou seja, se for igual
a zero a estrela é perfeitamente redonda. Normalmente uma RDN < 0,1 não é
percetível ao olho humano. Assim o trabalho da motorização na AR da montagem
equatorial será tanto melhor quanto RDN = (eixo maior - eixo menor) / (eixo
maior + eixo menor) < 0,1. Está claro que isto depende muito de um bom
alinhamento polar.
Em
termos teóricos o fator limitante será sempre o Limite de Difração (traduzido pelo Disco de Airy * e pelo Limite
de Rayleigh ou Resolução Angular *) que definem o perfil da fonte luminosa
a partir do seu centro em segundos de arco.
Disco
de Airy central e padrão PSF (imagem do Wikipédia)
Para
um telescópio com óticas perfeitas, o Disco de Airy concentra 84% da energia
radiante sendo que os outros 16% estão distribuídos pelos anéis concêntricos,
interessa-nos sobretudo os primeiros 84% e em especial a metade destes a meia
altura (FWHM) pois representam a imagem pontual como objetivo a registar pelo
sensor.
FWHM –
representação gráfica (Imagem do Wikipédia)
O
FWHM representa assim a metade da energia luminosa que está concentrada no
núcleo central sendo que a imagem pontual de uma estrela é representada por
esta menor unidade significante que é possível registar.
Sendo
teoricamente o FWHM= 0,0212 * 550 / D (para a luz visível 550 nanómetros) em
que D é o diâmetro do telescópio, logo, quanto maior D mais preciso é o valor de
FWHM.
No
entanto com a atmosfera terrestre tudo é diferente e FWHM=0,025 * lambda / r0,
onde r0, conhecido por parâmetro de
Fried, refere-se ao comprimento coerente da coluna de ar da atmosfera, cujo
valor varia entre 5 e 20 centímetros, estando o valor normal situado nos 8
centímetros.
Agora,
imagine-se um telescópio com 20 cm de abertura, FWHM poderia ter um valor de
0,58 segundos de arco. Contudo a influência da atmosfera transforma-o num
telescópio de 6,5 cm (para o limite de 0,025*550/8=1,7 segundos de arco).
Considera-se
o valor médio de “seeing” entre 1,5
e 2 segundos de arco.
O
erro de guiagem na grande maioria do software existente é dado pelo parâmetro RMS (Root Mean Square ou Erro Médio
Quadrático) que mais não é do que um valor estatístico que afere o desvio
médio do valor esperado do valor observado, em que valores elevados de RMS
traduzem condições de observação (“seeing”) piores.
Assumem-se
normalmente os seguintes valores de RMS de acordo com as condições de
observação (“seeing”):
“Seeing”
|
Excelente (0,5”arc)
|
Bom (1,0 “arc)
|
Médio (2,0“arc)
|
Pobre (3,0”arc)
|
Erro RMS
|
0,13 “arc
|
0,25 ”arc
|
0,50 “arc
|
0,75 “arc
|
Conclusão (talvez apressada!)
Por muito que nos esforcemos possuindo a
melhor ótica, o sensor mais adequado e a montagem equatorial mais robusta e
fiável, nunca serão meios suficientes se a turbulência atmosférica fizer das
estrelas PSF`s tipo “donuts” e “batatóides”. Os nossos valores normalmente
andam em média sempre acima de 1,5 segundos de arco.
Um bom exemplo de "donuts" e "batatóides"
Com a configuração já descrita e integração de 7x200s a 1600 ISO.
Suposto ser a região "Elephant Trunk"
Na melhor das hipóteses resta-nos talvez
fazer uso de um ADC (Atmospheric Dispersion Corrector) sobretudo para
astrofotografia planetária.
Sendo os Açores um centro permanente de
formação e exportação de altas e baixas pressões com constantes frentes oclusas
de todos os géneros a passarem por uma orografia que pouco ajuda a estabilidade
atmosférica, será muito difícil obter condições adequadas à astrofotografia. Como
muitas vezes diz o açoreano: “chove na minha rua mas não na do vizinho da rua
ao lado”.
No entanto, sendo astrónomo amador,
possuo a qualidade de todos os outros de não perder a esperança. Esperam-nos
sessões de astrofotografia atribuladas e trabalhosas!
Continuaremos a aguardar por céus claros
e límpidos!
sexta-feira, julho 06, 2018
Há 21 anos
Fez agora 21 anos que o cometa Halle-Bopp (C/1995 O1), um dos maiores cometas observados e designado de O Grande Cometa de 1997, fez a sua aparição nos céus açorianos.
Descoberto a 23 de julho de 1995 por Alan Hale e Thomas Bopp, só em janeiro de 1997 se tornaria visível a olho nu. A sua visibiliadade era de tal ordem que lembro-me perfeitamente de o ver momentos antes do nascer do Sol.
O seu aparecimento causou impactos de diversa natureza tanto no meio científico como junto à população, de tal modo que levou ao suicidio em massa de 38 seguidores da seita religiosa ovnilógica dos EUA, conhecida por Heaven`s Gate, alegando que deixavam os seus corpos para seguirem uma nave alíenigena que se escondia por detrás do cometa.
O cometa chegou a mostrar a olho nu as duas caudas iónica e de poeiras e em determinada altura a sua rotação era tão intensa que evidenciava a existência de jatos e géisers de gás que criavam ondas de choque rodeando o seu falso núcleo.
O cometa com as galáxias M31 e M34 mostrando as caudas iónica e de poeiras
Estas duas fotos foram feitas junto ao Charco da Madeira onde era possível ter um céu com
menos poluição luminosa.
Fotografia feita com a Pentax K-1000 no Maranhão das Capelas
As imagens que aqui publico foram obtidas entre fevereiro e abril de 1997, utilizando diversos "setup`s" disponíveis na altura e que se resumiam a um ETX90 f/13.8, um dobsoniano de 8 polegadas a f/6, a uma camera ccd CWIP-S da Sirius Instruments e a uma Pentax K-1000 com uma objetiva de 135mm. Fazer longas exposições em modo de guiagem manual era uma "obra de arte"! Foi então que decidimos fazer uma plataforma equatorial tendo encomendado a eletrónica à TL-Systems na Califórnia e onde colocávamos o dobsoniano de 8 polegadas.
Entretanto também concebíamos um Star Tracker para montar a Pentax K-1000 e cujo esquema ainda guardamos e que era operado manualmente a uma volta por minuto ... sem causar qualquer vibração com o parafuso altamente lubrificado, com a latitude do lugar conferida e alinhado o eixo polar à estrela polar.
Entretanto também concebíamos um Star Tracker para montar a Pentax K-1000 e cujo esquema ainda guardamos e que era operado manualmente a uma volta por minuto ... sem causar qualquer vibração com o parafuso altamente lubrificado, com a latitude do lugar conferida e alinhado o eixo polar à estrela polar.
O telescópio Newtoniano em montagem dobsoniana sobre a plataforma equatorial TL Systems e o Sky Vector 1 com um encoder de Altitude e ainda o esquema do Star Tracker com o que resta hoje em dia do aparelho (tudo isto está em condições de poder funcionar novamente!).
Notar o contra-peso e o nivelador no dobsoniano, Este último era utilizado para colocar em estação todo o sistema com a ajuda de dois encoders óticos em Altitude e em Azimute, controlados por um Sky Vector I adquirido na Eftonscience de Toronto.
O géisers e jatos de gás rodeando o falso núcleo
Tentando mostrar a estrutura interna do cometa com o software existente na altura
por exemplo o Paint Shop Pro (PSP)
A fotografia digital ainda não tinha feito o seu aparecimento e utilizávamos filmes muito sensíveis que custavam"os olhos da cara" como o Fuji super G plus 800
A Internet era recente e utilizada sobretudo na área da astronomia constitui uma recordação inesquecível a partilha e publicação destas imagens em diversos "sites" da NASA e de outros onde se fazia a recolha oficial de informação sobre este acontecimento:
http://www.xtec.cat/~aparra1/astronom/hb/fot3975s.htm
https://www2.jpl.nasa.gov/comet/porto16.html
https://www2.jpl.nasa.gov/comet/porto12.html
https://www2.jpl.nasa.gov/comet/porto4.html
https://www2.jpl.nasa.gov/comet/images970415.html
Este seria o meu segundo cometa a ser acompanhado de forma sistemática depois de em 1996 ter seguido e fotografado o Hyakutake (C/1996 B2).
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